Matrix: Resurrections é o novo filme da franquia Matrix, continuando a saga de Neo (Keanu Reeves) em sua busca pela libertação das pessoas aprisionadas mentalmente pelas máquinas.
Se passando 20 anos após os acontecimentos de de Matrix Revolutions, Neo vive uma vida aparentemente comum sob sua identidade original como Thomas A. Anderson em São Francisco, Califórnia, com um terapeuta que lhe prescreve pílulas azuis para neutralizar as coisas estranhas e não naturais que ele ocasionalmente vislumbra em sua mente. Ele também conhece uma mulher que parece ser Trinity (Carrie Anne-Moss), mas nenhum deles se reconhece. No entanto, quando uma nova versão de Morpheus oferece a ele a pílula vermelha e reabre sua mente para o mundo da Matrix, que se tornou mais seguro e perigoso nos anos desde a infecção de Smith, Neo volta a se juntar a um grupo de rebeldes para lutar contra um novo e maois perigoso inimigo e livrar todos da Matrix novamente.
Bem, vamos assumir de partida que as máquinas venceram. Nos 20 anos que separam o primeiro Matrix deste Matrix Resurrections, no contexto hollywoodiano, o cinema digital serviu menos para sondar novos limites pictóricos da arte do que para otimizar seu potencial fabril. Em 2021, graças à computação gráfica, atores e atrizes são rejuvenescidos e podem contribuir perpetuamente com a indústria, e o sucesso de um filme não é medido em impacto cultural ou mesmo em bilheteria, mas em minutos assistidos, num pacto de produtividade que o espectador parece aceitar como um operário modelo.
Percebe-se o cansaço de Hollywood consigo mesma em dois filmes importantes deste ano, que, por motivos distintos, escolhem renunciar à ação. O primeiro é Cry Macho, um faroeste de ação sem ação que acompanha Clint Eastwood em sonecas e refeições, completamente consciente de que a mitologia do nonagenário Clint caminha sozinha e se basta. O segundo é este quarto Matrix. Cry Macho é um filme mais radical na renúncia da ação, enquanto Matrix Resurrections, na base da ironia e da metalinguagem, tenta dar conta de ser um anti-blockbuster e um blockbuster simultaneamente.