A Lenda de Candyman – Em A Lenda de Candyman, em um bairro pobre de Chicago, a lenda de um espírito assassino conhecido como Candyman (Tony Todd) assolou a população anos atrás, aterrorizando os moradores do complexo habitacional de Cabini Green. Agora, o local foi renovado e é lar de cidadãos de alta classe. O artista visual Anthony McCoy (Yahya Abdul-Mateen III) e sua namorada, diretora da galeria, Brianna Cartwright (Teyona Parris), se mudam para Cabrini, onde Anthony encontra uma nova fonte de inspiração. Mas quando o espírito retorna, os novos habitantes também serão obrigados a enfrentar a ira de Candyman.
O crítico Roger Ebert (1942-2013) via o cinema como uma máquina de empatia. Segundo essa visão romântica, a tela grande é ferramenta para se conhecer o novo, abraçar o diferente, quebrar barreiras e começar a construir algo melhor. Em A Lenda de Candyman, a diretora Nia DaCosta, que também escreve o filme ao lado do produtor Jordan Peele e de Win Rosenfeld, tira o máximo desse potencial para a construção de uma obra-prima moderna de horror, socialmente consciente e munida de mensagens essenciais para o momento que vivemos no século XXI. Partindo de uma história que inadvertidamente tornou-se emblemática pelo tratamento de questões de raça, classe e gênero, ela entrega uma sequência direta que consolida a franquia como um manifesto antirracista.
Embora tenha surgido no conto “The Forbidden”, do escritor britânico Clive Barker, foi pelas mãos do diretor conterrâneo Bernard Rose e do astro norte-americano Tony Todd que Candyman tomou a forma que conhecemos hoje. Para O Mistério de Candyman (1992), o personagem foi tirado da Inglaterra e levado aos Estados Unidos, trocou um decadente conjunto habitacional de classe média por um conjunto habitacional historicamente marginalizado, tornou-se um homem preto e, mais importante, foi aprofundado como um vilão trágico: o produto de um crime de ódio; uma entidade movida por vingança que, não por acaso, se sustenta com a mesma podridão social que o vitimou.