Rua do Medo: 1666 – Parte 3 – No último filme da franquia Rua do Medo, a origem da maldição da pacata cidade de Shadyside é revelada em uma cadeia de horrores que segue os cidadãos há séculos. Em 1666, um pequeno vilarejo colonial é vítima de uma violenta perseguição religiosa que amaldiçoa todos os moradores daquele lugar, causando efeitos desastrosos no futuro.
Depois de introduzir os problemas sobrenaturais que afligem a cidade de Shadyside em 1994 e entregar um pouco mais de sua mitologia em 1978, a trilogia Rua do Medo deixa para 1666, sua parte 3, a incumbência de resolver o mistério central e amarrar todas as pontas soltas. Justiça seja feita, o filme resolve isso, mas não entrega muito além.
No longa, Deena (Kiana Madeira) é transportada para as memórias dos últimos dias da misteriosa bruxa Sarah Fier, no século 17. Ela vive no condado de Union, ainda longe das divisões entre Shadyside e Sunnyvale, cercada por colonos interpretados por outros atores que já vimos na saga, como Olivia Welch, Sadie Sink e Fred Hechinger — uma decisão acertada da diretora e co-roteirista Leigh Janiak, visto que o elenco é, desde o início, um dos pontos fortes da trilogia, e identificar antepassados de personagens que já vimos ajuda a trazer o espectador para dentro do filme mais rápido.
1666, no entanto, demora a se encontrar. É clara a inspiração em A Bruxa (2015), filme de Robert Eggers estrelado por Anya Taylor-Joy, mas o filme não consegue reproduzir a sua atmosfera de suspense psicológico e horror contido. Tampouco ajuda o estranhamento causado pelos forçados sotaques europeus do elenco. A impressão é a de que estamos vendo jovens do século 21 reproduzindo o que consideram ser a vida de séculos atrás, como numa reencenação de feira medieval. Toques modernos em produções de época podem ser detalhes bem-vindos, como acontece em Dickinson, série do Apple TV+, mas Rua do Medo: 1666 não consegue alcançar esse equilíbrio tênue que vem do não se levar tão a sério assim.