Manhãs de Setembro – Manhãs de Setembro conta a história de Cassandra (Liniker), uma mulher trans que trabalha como motogirl em São Paulo e que tem na música sua maior força. Ela precisou abandonar sua cidade para realizar seu sonho de se tornar cover de Vanusa, cantora brasileira que fez sucesso na década de 70. Após anos de muito sofrimento, Cassandra vive agora um momento de estabilidade: ela consegue alugar um apartamento só seu e descobre o amor na figura de Ivaldo (Thomas Aquino). Contudo, tudo se complica quando sua ex-namorada, Leide (Karine Telles), reaparece com um menino que diz ser seu filho.
Vou tirar logo do caminho o que muitos acreditam ser o mais importante aqui: sim, Manhãs de Setembro é mais um retrato ficcional da vida e do cotidiano de uma mulher trans. Mas ao contrário de muitas outras obras, inclusive algumas que recebem elogios exacerbados — imagino eu, pelo fato de simplesmente terem sido feitas — como Transparent ou Transámerica, a nova série brasileira da Amazon Prime Video vai muito além do “papel de embrulho nas cores do arco-íris”.
Cassandra (vivida por Liniker) é uma jovem determinada e em busca de realizar sonhos na capital paulista. Na superfície, tudo vai bem. O aluguel de uma quitinete é aprovado, o romance com seu namorado vai ficando sério, e seus melhores amigos lhe dão conselhos e um palco para chamar de seu. É na boate do casal Aristides (Gero Camilo) e Décio (Paulo Miklos) onde ela se realiza e canta, assim como Vanusa – musa inspiradora, cuja canção “Manhãs de Setembro” inspira a personagem a buscar mais da sua vida (e, de quebra, ainda dá título à produção).
Mas tudo muda com a chegada de Leide (Karine Telles), a mulher com quem Cassandra se envolvia antes da transição, uma sem-teto que vive como camelô e mora num carro velho. Além do antigo relacionamento, a protagonista logo descobre que ambas dividem algo a mais: a responsabilidade de um filho, o Gersinho (Gustavo Coelho), cuja existência nem passava pela cabeça de Cassandra.