Em Agência Secreta de Controle de Magias, acompanhamos João e Maria dos contos de fada que, agora crescidos, se tornaram agentes secretos. Eles precisam ser rápidos e utilizar magia para encontrar um rei que despareceu.
A ideia sugerida pelo título é interessante: como seria a rotina de uma Agência Secreta de Controle de Magias? Poderia investigar um universo aos moldes daquele visto nos filmes da saga MIB: Homens de Preto, por exemplo. Isso, é claro, a partir de um tom atenuado, visto de que se trata de uma animação voltada ao público infantil. No entanto, essa expectativa não chega a ser cumprida no longa do diretor Aleksey Tsitsilin (o mesmo de O Reino Gelado 2, 2014, e de suas duas sequências). Afinal, por mais que, de fato, exista uma “agência”, essa não tem nada de secreta – é notório o conhecimento a respeito dela entre todos os personagens – e muito menos serve para investigar o controle do uso das magias: é mais como uma força policial que tem como objetivo não regular, mas coibir as práticas mágicas. Este conjunto poderia apontar para uma experiência contrária à esperada, mas, felizmente, consegue driblar tais limitações, apontando para um problema maior de denominação do que de enredo.
O que o espectador precisa saber para melhor aproveitar o que aqui se encontra é um mínimo de conhecimento a respeito das obras dos irmãos Grimm, principalmente o clássico “João e Maria” (Hansel & Gretel, no original). Porém, diferente de outras releituras recentes, como João e Maria: Caçadores de Bruxas (2013) ou Maria e João: O Conto das Bruxas (2020), que investiam na adrenalina ou no terror, Agência Secreta de Controle de Magias parte de um princípio mais original, ainda que menos ambicioso. Aliás, a audiência só se dará conta de estar diante de mais uma adaptação da história das crianças abandonadas no meio da floresta por pais que não tinham como criá-los no decorrer da trama, pois a abordagem inicial parte de um ponto distinto – ainda que não distante o suficiente que impeça algum tipo de familiarização.