Temporada de Verão – Em uma ilha paradisíaca, no hotel Maresia, alguns jovens se encontram para viver o melhor verão de suas vidas – a bela e destemida Catarina, a perspicaz Yasmin, sonhador Diego e o praieiro Miguel. Juntos, eles criarão novas memórias para jamais esquecer daquela ilha.
Nos EUA (principal produtor de narrativas seriadas no mundo), é comum haver uma divisão de tipos de dramaturgia de acordo com a hora do dia em que aquela produção está sendo assistida. Daytime Television é como se chama a faixa diurna, onde estão situados os programas de auditório e as soap operas, as novelas, que ficam no ar por décadas a fio. Embora tenham um público fiel, essas novelas não representam o avanço de cultura pop que costuma ser estabelecido pelas séries que são exibidas nas noites do país; ou seja, as novelas americanas não pautam a mídia como as nossas novelas fazem por aqui.
E sim, é difícil lutar contra anos e anos de uma referência textual que é tão presente no nosso dia a dia. Fica mais difícil ainda quando essas referências do folhetim se encontram com o que já absorvemos de básico dos códigos da narrativa seriada. De certa forma, embora as linguagens sejam diferentes, elas se encostam quando os autores lançam mão de alguns recursos. Nenhuma das duas é 100% “limpa”, mas é importante que haja uma fronteira que as separe. Por mais leigo que seja o espectador, ele vai perceber – num nível sensorial – que lhe venderam gato por lebre.
Esse é o grande problema de Temporada de Verão, que, como várias das produções nacionais de streaming, tem uma linguagem visual seriada, mas se baseia em um texto carregado de tudo de mais cansado entre as novelas. E não é só um problema da Netflix. A oportunidade de colocar uma série no ar tem sido dada a profissionais que estão automatizados pelo que viram nas novelas e nas séries de anos atrás, e que não conseguem estabelecer uma identidade enquanto surfam na superficialidade desses métodos. O verniz técnico, o visual, está sempre ali. Mas, o texto parece transcrito de qualquer episódio de uma série dos anos 90. Chega a ser exato, em alguns casos. É automatização pura.